Em formato online, o tema do encontro será “O que é isto – a medicalização?”
O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, por meio do Eixo de Políticas sobre Álcool e outras Drogas da Comissão Regional de Direitos Humanos, realizará o “Ciclo de Debates sobre (des)medicalização”, composto por uma série de diálogos que iniciarão no dia 30 de abril (sábado), às 9hs, no formato online, com o tema “O que é isto – a medicalização?”.
A série de eventos tem por objetivo a contemplação das seguintes provocações: Quais as transgressões necessárias ao modelo biomédico? É possível uma atuação psi desmedicalizante? Quais as reformulações teóricas e práticas para que a psicologia não pertença mais como dispositivo colonizador e normatizador de subjetividades?
Há muito tempo que questões próprias à existência humana, oriundas da ordem do social, histórico, cultural, político, vem ganhando novos arranjos e formulações, assumindo um status de doença por meio de um artifício da linguagem marcado por um poder-saber que atribui características patológicas a determinados tipos de ser e estar no mundo. Questões e vicissitudes humanas vão, progressivamente, transformando-se em transtornos com diferentes designações científicas. Tal fenômeno chamamos de medicalização da vida.
As questões da vida são medicalizadas e apresentadas como problemas estritamente individuais, perdendo de vista suas ordens histórico-coletivas, levando a um processo de objetificação, des-historização e um violento reducionismo em relação ao sofrimento.
Por ser um processo histórico, engendrado por lógicas motrizes, a medicalização incorre em uma ocupação ampliada dos territórios de toda sociedade, tomando lugares significativos no senso-imaginário social, nos governos, em outras ciências, nas instituições e, por consequência, nas compreensões e saberes que orientam nossas práticas em Psicologia. Hoje, nos parece nítido como nosso saber, cada vez mais, tem incorporado às lógicas do processo de medicalização, assumindo o lugar de suas práxis de violência.
A violência atravessada pelos estados capitalistas transforma o sofrimento humano em fraquezas individuais, privatizando vulnerabilidades que apresentam como gênese às lógicas perversas e excludentes neoliberais. Mas quais são os profissionais que aderem e consentem com estes discursos e lógicas?
Mudanças epistemológicas e práticas, se fazem necessárias e urgentes, para o acolhimento de demandas do século XXI. Produções assépticas e flutuantes de toda a realidade social e a prática em Psicologia que privatiza a existência humana, evita a politização do sofrimento em suas mais diversas formas, não cabem mais na conjuntura política atual a qual vivemos. O mundo pede transgressões.
*Com informações de Camila Motta (CRP 05/61190) e Lucas Gonçalves (CRP 05/61071)
Serviço:
Inscrições pelo link
Até o dia 28/04/2022.
Será conferido certificado.
Programação:
1° mesa (on-line) – 30 de abril: “Medicalização, o que a Psicologia tem a ver com isso?”
Palestrantes:
Lucas Gonçalves, psicólogo (CRP 05/61071), mestrando em Educação (UFF),membro do Grupo de Pesquisas e Estudos em Geografia da Infância (GRUPEGI/UFF-UFJF)- Coletivo Desmedicalização da vida e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Byung-Chul Han (GEPEB), colaborador do Eixo de Política sobre Álcool e outras Drogas (CRP RJ).
Fernando Freitas, psicólogo (CRP 05/10751), pesquisador titular do laboratório de Atenção Psicossocial (LAPS/Fiocruz– RJ),coautor do Livro Medicalização em Psiquiatria e do site Mad In Brasil.
2° mesa (on-line) – 21 de maio: “Infância, educação e (des)medicalização.”
3° mesa (on-line) – 25 de junho: “Sociedade e psicotrópicos – Anatomia de uma Epidemia.”
4º mesa (presencial) – 30 de julho: tema e local a ser definido
*Em breve a programação completa com os palestrantes de cada edição!