 “Violência contra a Pessoa Idosa: causas e enfrentamento” foi o tema do seminário promovido, no dia 5 de março, no Auditório do Instituto de Neurologia da UFRJ, pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Rio de Janeiro (SBGG-RJ) em parceria com o CRP-RJ.
“Violência contra a Pessoa Idosa: causas e enfrentamento” foi o tema do seminário promovido, no dia 5 de março, no Auditório do Instituto de Neurologia da UFRJ, pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Rio de Janeiro (SBGG-RJ) em parceria com o CRP-RJ.
Iniciando o evento, a psicóloga e ex-presidente da SBGG-RJ, Ligia Py (CRP 05/8490), apresentou informações sobre a construção do sujeito idoso e suas relações em contextos de violência. A psicóloga ressaltou que o número crescente de idosos, sua longevidade e maior expectativa de vida, idosos com muita idade e dependentes de cuidados especializados, além dos declínios funcionais e cognitivos, constituem fatores determinantes para o incentivo pela atenção social sobre esta população.
Ligia Py destacou também a importância de assumirmos as responsabilidades pessoais e coletivas frente à violência contra o idoso. Ressaltou que os dispositivos legais para a defesa dos seus Direitos, principalmente, o Estatuto do Idoso, precisam de ampliada divulgação e conhecimento. “A escuta psicológica, uma atitude compreensiva, o acompanhamento e acolhimento dos idosos, em sua diferença e singularidade, também são meios para a atuação comprometida com a garantia de seus direitos”, defendeu.
“A noção patologizante sobre a velhice precisa ser superada para ser atribuída uma perspectiva da vida como potência e síntese criadora”, acrescentou a psicóloga, apontando o conceito de Age Friendly, cuja finalidade é desconstruir estigmas e preconceitos consolidando relações mais igualitárias, solidárias e de amor entre as gerações.
A ex-presidente da SBGG-RJ apresentou ainda dados sobre as políticas públicas voltadas à população idosa. Segundo ela, em toda a cidade do Rio de Janeiro existe apenas uma Delegacia do Idoso, localizada no bairro de Copacabana. Além disso, ela enfatizou que 68,7% dos casos de violência contra o idoso envolvem seus familiares e/ou ocorrem em serviços públicos ao qual ele seja usuário, evidenciando os pontos críticos de ações preventivas a serem trabalhadas.
Em seguida, teve início a apresentação de Daniel Groisman (CRP 05/20896), psicólogo e professor-pesquisador do Laboratório de Educação Profissional na Atenção à Saúde da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (ESPJV/Fiocruz).
O psicólogo abordou a existência de violência nas relações de cuidado ao idoso. Para reflexão, destacou a omissão cotidiana frente aos diversos casos de violência praticados nos serviços de Saúde, previdenciários e transporte público. “Toda a ação de violência corresponde a uma omissão anterior”, refletiu.
Em sua avaliação, a perspectiva do cuidado como um direito, tanto quanto o direito à Saúde, Educação, Justiça, entre outros, ainda necessita ser fortalecida. A ausência de cuidados determina uma condição de risco social, portanto, requer serviços públicos de assistência. Os caminhos coercitivos e punitivos, hoje com maior visibilidade, não dão conta de resolver o problema da violência contra os idosos. As estratégias preventivas precisam ser mais conhecidas e divulgadas. Além disso, a responsabilização única e exclusiva da família é enganosa e oculta a dinâmica complexa das relações de cuidado, que são essencialmente, relações sociais e também relações de poder.
Entre as formas de violência contra o idoso, destacou Daniel Groisman, estão a violência física e psicológica, o dano patrimonial cometido tanto pela comunidade ou familiares, como por instituições bancárias por meio de créditos consignados.
Ele ressaltou também que, para avaliar a efetividade de uma política pública voltada aos idosos, deve-se primeiro observar como estão sendo cuidados os idosos mais dependentes, que se encontram em situação de vulnerabilidade física, social e não apenas restringir-se a considerar as atividades e progressos da população ativa, na terceira idade.
Representando o CRP-RJ, participaram do encontro Janne Calhau Mourão (CRP 05/1608), conselheira-presidente da Comissão Regional de Direitos Humanos, Janaína Sant’Anna (CRP 05/17875), conselheira e membro do Grupo de Trabalho Integrado de Mobilidade Humana, Inclusão e Acessibilidade, Denise da Silva Gomes (CRP 05/41189), conselheira integrante da Comissão Gestora da Subsede Norte e Noroeste Fluminense, e Denise Malheiro (CRP 05/18051), psicóloga e colaboradora da Subsede Baixada Fluminense.
Março de 2016
 
             
               
               
               
               
      
                                                                     
    
                     
    
                     
    
                    